Você surge na rua. Como de costume, como se de proposito, como se só passasse, como se não mudasse minha semana inteira. Seu olhar se encontra com o meu, bem de longe, e ambos fogem como se ensaiado a hora exata. Talvez se acostumaram a fingir. Com o olhar longe do seu, eu saio de mim por um instante para poder me encontrar com sua presença. Nos encontramos, tenho certeza que sim. E demora a passar. Piegas, mas nada descreveria melhor: a câmera vira lenta. Cada passo seu, é demorado a ponto de se tornar a melhor eternidade que poderia existir. Minha cabeça explode. Sinto você, sinto o que você sente, e então - de novo, incrivelmente sintonizado e perfeitamente ensaiado - ao mesmo tempo se ligam nossos olhares. Um diz pro outro: ''só te vi agora'', e então o resto do corpo entra na trama. Um aceno falso, um oi de colega, um sorriso banal.
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